Especial para o JB
Álbuns digitais contam história do Rio
Esquecidas no fundo de armários e baús empoeirados, fotos antigas de família estão virando relíquias com ajuda da internet. Armazenadas em fotologs - sistema que permite aos internautas exibir fotos com comentários - e com o auxílio de antigos moradores da cidade, as fotografias recontam a história de uma época em que Ipanema e Leblon eram um gigantesco areal e que o Hotel Copacabana Palace ainda não aparecia nos cartões postais da orla carioca.
O advogado André Decourt e o protético Roberto Tumminelli fazem parte do grupo de admiradores do Rio Antigo que consideram os álbuns de fotografia herdados de suas famílias um tesouro. Jovens - Decourt tem 33 anos e Tumminelli, 36 - e apaixonados pelo Rio, os dois moradores de Copacabana perceberam o valor histórico da paisagem que estava no fundo das fotos. Apenas por prazer e curiosidade, os fotologers são capazes de descobrir detalhes históricos em qualquer fotografia antiga.
Chamados de Um Rio que Passou e de Carioca da Gema, os fotologs de Decourt e Tumminelli promovem discussões a partir das fotos que são renovadas diariamente. A interatividade é uma das vantagens que mais agradam aos arqueólogos de imagens amadores.
Seja para complementar a história colocada no site ou simplesmente para elogiar o registro, os visitantes sempre deixam um comentário com lembranças de outras fotos.
- Muitas vezes as pessoas têm fotos preciosas em casa e não sabem. Todas são valiosas em termos históricos - disse Tumminelli, que pensa em criar um fotolog só com fotos do antigo Tivoli Park.
O protético começou a se interessar por fotos do Rio Antigo depois de fazer uma disciplina, com o historiador Milton Teixeira, no curso de Turismo da Faculdade Hélio Alonso, há 15 anos. As aulas do historiador fascinaram Tumminelli, que deu uma nova vida aos álbuns de família deixados pelo seu bisavô, o inglês William Huggins. As fotos herdadas retratam bairros como Copacabana e Ipanema antes do crescimento e da urbanização.
- Comecei a me interessar pelos álbuns deixados pelo meu bisavô e passei a pesquisar as histórias das fotos em livros e em conversas com pessoas que viveram a época.
Mais distante da Zona Sul, a história contada pelo jornalista Leo Ladeira é a do Passeio Público. Admirador das obras do Mestre Valentim, Leo coloca no ar entrevistas e estudos de especialistas, além de promover fóruns de discussão entre os internautas.
Desde o início da restauração do jardim do Passeio, em janeiro, o jornalista visita a obra todo o mês e divulga os detalhes da revitalização do local na internet.
- Sou a favor do turismo cultural e com isso utilizo as ferramentas contemporâneas para divulgar histórias do Rio Antigo - disse.
Em comum, os três têm a paixão por uma cidade que não existe mais e são aficionados por descobrir informações sobre o Rio espalhadas pelas casas e vidas de seus moradores. Afinal, a história de uma cidade nunca tem fim.